O ex-líder do CDS-PP Paulo Portas afirmou esta terça-feira que, se voltar à presidência dos democratas-cristãos, quer fazer «uma oposição melhor e um partido maior», dizendo que não acredita num CDS «marginal ou residual».
«A questão em 2007 é provar que se pode fazer a partir do CDS uma oposição melhor e do CDS um partido maior», afirmou Paulo Portas, num almoço em Lisboa organizado pelo American Club.
Lembrando que «há dez anos ninguém acreditava que o CDS podia ser Governo» e foi, Portas salientou que o CDS em que acredita «não é uma força marginal nem residual».
«O CDS em que acredito é um dos três partidos que em Portugal pode ser Governo. Espero que seja dos três o mais atento à sociedade», afirmou.
Portas salientou que o crescimento do CDS «só é possível abrindo ao centro-direita e ocupando descomplexadamente esse espaço», mas avisou que essa abertura terá consequências.
«Para se representar um espaço maior tem de ser mais aberto nas posições (...) Os partidos que crescem não são seitas que segregam, são instituições abertas à variedade», alertou Portas.
Numa palestra que tinha por tema «Uma visão para o centro-direita em Portugal», Paulo Portas aproveitou para anunciar que entregará quarta-feira as 250 assinaturas necessárias para se candidatar à presidência do CDS e apresentar as suas linhas gerais de orientação política.
«O CDS que espero construir é um partido credível, moderado e que assenta na reputação da qualidade dos seus quadros», disse.
Portas defendeu ainda que, num espaço partidário dominado pelo «centrão», o CDS terá a ganhar com a modernização do seu discurso e com «uma agenda focada» em dois eixos, social e económico.
Nas políticas sociais, o ex-líder democrata-cristão elegeu a saúde e a segurança social como as principais preocupações, enquanto, no eixo económico, prometeu «uma atenção especial» à carga fiscal.
A abertura a novos temas de ciência, cultura e ambiente será também uma preocupação de Portas, caso seja eleito líder do CDS.
«Quem não souber entender esta sociedade urbana não perceberá o Portugal do século XXI», justificou o ex-ministro da defesa, elegendo como «valores essenciais» de orientação a autoridade e a responsabilidade.
Perante os membros do American Club, o deputado justificou a opção de querer voltar «a um lugar onde já foi feliz», ou seja, à presidência do CDS-PP.
«Não encaro o meu gesto como um regresso nem sequer como uma continuação mas como uma etapa nova perante uma situação nova. De outro modo não seria motivador», disse.
As críticas ao primeiro-ministro José Sócrates vieram em resposta a uma pergunta da assistência, sobre o novo aeroporto da Ota.
«Acho o primeiro-ministro estranhamento indiferente às dúvidas técnicas levantadas acerca do projecto. Tão importante como ter espírito de decisão é saber decidir bem», afirmou Portas, justificando esta posição cautelosa com o estatuto de candidato à liderança do CDS-PP.
«Até dia 21, não posso, não quero e nem devo substituir-me à liderança do partido na observação dos factos do quotidiano político», salientou.
Ainda assim, Portas defendeu que, perante «um primeiro-ministro forte nas qualidades e forte nos defeitos», a oposição «não pode parecer resignada».
«O engenheiro José Sócrates gostaria que tudo ficasse na mesma na oposição. Se decidi candidatar-me é porque não tenciono fazer-lhe esse favor», garantiu.
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