segunda-feira, 26 de março de 2007

Caminhos

Um dos problemas do CDS de hoje é muito bem descrito pelo Adolfo. É que há quem queira «amarrar [o CDS] a uma única corrente de pensamento que, com jeitinho e boa vontade, lá vai deixando que outras por lá coexistam em minoria.»
A originalidade do CDS em unir democratas-cristãos, conservadores e liberais tem se conseguido manter à custa de algum esforço e possivelmente à custa de sucesso eleitoral, pois quem quer ser tudo, corre o perigo de não satisfazer ninguém. Possivelmente também por isso se afastam personalidades que não convivem com a indefinição.
Bem ou mal, lá se foi governando o CDS. Mais democrata-cristão (Freitas), liberal (Lucas Pires), conservador (Adriano Moreira, Monteiro e Portas). Com o regresso da velha guarda democrata-cristã, tudo parece mais difícil. Se calhar foi o tempo de afastamento (desde Freitas II), se calhar é pelo modelo esgotado ou ainda por na verdade não defenderem uma democracia-cristã no sentido europeu. Qualquer razão que seja, respira-se pior no CDS.
E se na verdade o CDS teve problemas de sobeja pela indefinição ao longo dos anos, sempre se foi arranjando. Com esta direcção, no entanto, só se tolera a voz daquilo que chamaria "democracia-católica". E nada tem isto que vir contra quem assim pensa, ou sequer contra quem é religioso (podendo ou não defender as políticas desta CPN). Tem a ver com o silenciamento de alternativas ao pensamento estabelecido.
Mas os tempos prometem mudanças. Portas, da única vez que falou sobre política nacional ( e tem-se abstido por entender que só o deve fazer quando for candidato - até lá é militante e deputado) tocou num ponto sensível, que a oposição tem esquecido: a concentração de poderes políciais no gabinete de José Sócrates. Ou seja, com Portas esperamos uma intervenção menos soundbyte, como a de Castro, mas mais acertiva.
Mas não só de Portas espero boas novas. O trabalho que a Juventude Popular tem vindo a desenvolver tem também sido muito positivo. Depois da moção "Fazer Futuro" ou dos trabalhos do Conselho Nacional de Viseu, o partido sabe - ou deveria saber, se ouvisse - que a nova geração que aí vem não pressegue um sonho assistencialista-estatista-moralista. Segue tão-só algo que devia ter e não tem.
Liberdade.
E como já o disse, não sei se será com Portas (e, claro, não estou mandatado para falar em seu nome) ou com quem será que o partido abraçará esta causa inequivocamente.
Mas será um passo na direcção certa a eleição do homem que disse, em Lisboa: «
Cuidado com um Estado que se intromete na vida dos cidadãos mais do que deve.».
Mas repito, não se trata tanto de que visão governa o CDS. Trata-se de deixar todas moldarem o CDS, a qualquer momento. Por isso sinto muito que haja quem sinta que deve sair neste momento. Mas as acções ficam com quem as pratica.

1 comentário:

David Martins disse...

A minha total concordância.