terça-feira, 8 de maio de 2007

Perspectiva - eleições Madeira

Lá porque queremos acreditar em algo, não torna essa ambição como uma realidade factual. É mais elementar do que isso, é simplesmente uma ilusão.
Acredito que satisfaça muita gente (como se lê nos comentarios), que vêem as eleições da Madeira como uma prova irrefutável da sua ilusão, e uma forma acalentada de manifestar a sua fé em ReC.
Mas fazer uma conexão entre dois factos isolados (vitória do Paulo Portas e fracos resultados do arquipélago) não torna a dedução verdadeira, pois o enquadramento teórico está errado. Acaba por ser uma viés de confundimento.
Uma das desvantagens do sufrágio democrático, é que muitas vezes as pessoas votam com pressupostos diferentes, ou seja, votam pela negativa. Até sabem quem gostariam de ver na posição de eleito, mas tem a certeza de quem NÃO gostariam de ver na posição de eleito. E esta convicção negativa acaba por ser mais forte, e orienta a intenção de voto. É o voto útil.
Os mais crentes políticos votam, independentemente da previsão, no seu partido de preferência. Foi o que nos deu os 5,34%. Foi a perseverança ao PP, destes eleitores, e a rejeição segura a todos os outros partidos do sistema.
E não podemos desleixar a razão inerente destas eleições antecipadas.
Vamos culpar o candidato do CDS-PP por toda esta situação? (Já para não mencionar a pseudo-dependência-psicologica que os madeirenses provavelmente ostentam ao Alberto João Jardim com tantos anos de governação.)
Não podemos ser ingénuos a sacar ilações, e muito menos obstinados.
E não afirmo isto caindo na mesma fé incondicional (mas na minha perspectiva, a Paulo Portas), se ReC tivesse ganho as eleições do Partido, eu diria exactamente o mesmo.

4 comentários:

Maria E. Cunha disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Maria Machado disse...

Poderiamos começar a cobrar ao anúncio, aqui no blog ;)

Filipe Matias Santos disse...

Se os pressupostos da Maria estão certos (de que as pessoas votam pela negativa), então, esse é um argumento a facor de Ribeiro e Castro.

É que Portas é muito pouco apreciado em muitos meios, enquanto Ribeiro e Castro é, apenas, quase indiferente. Logo, na tese da Maria, teria mais votos.

O que aconteceu na Madeira é uma derrota imensa. Em 6 anos passámos de mais de 9% para pouco mais de 5%. E contra isto podem dizer o que quiserem, mas não conseguem disfarçar a derrota.

Há outro dado interessante. Em autárquicas (tradicionalmente mais difíceis ao CDS) Ribeiro e Castro teve um resultado acima dos 5,3%. Na Madeira, Ricardo Vieira elegeu-se vereador no Funchal (no mandato anterior tinhamos ficado longe disso).

Mas, também não quero culpar Portas pelo resultado. Justamente porque ainda é cedo.

Só que, o que ficou provado, é que não bastava o regresso do velho líder, para que o resultados disparassem. Bem pelo contrário...

Maria Machado disse...

Filipe, o voto util não é uma desculpa plausivel para justificar todos os dissabores eleitorais! há que puxar um bocadinho pelos neuronios para saber fazer uma apreciação independente da situação.

Na situação que tu pões, se Portas é muito pouco apreciado em muitos meios, enquanto Ribeiro e Castro é, apenas, quase indiferente se a situação que expus de aplicasse, a votação util seria afavor de Ribeiro e Castro, o que como todos sabemos, não aconteceu. O que prova que as eleições do partido foram legitimas e consistentes.
Isto porque os adjectivos qualificativos que usaste foram "muito pouco apreciado" e "indiferente". O mais pejorativo é sempre aquele que orienta o voto util afavor do mais neutro.

Alem disso, mesmo que seja verdade que Portas é "muito pouco apreciado em muitos meios", esses meios não são concerteza dentro do eleitorado do PP (que seria a relevancia). Porque não ser apreciado pelos outros partidos do sistema, é cliché.